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Foto do escritorAndré Hedlund

Você lê clássicos? Acho que deveria

Atualizado: 25 de fev. de 2023

Nesse dia de natal em 2022, me peguei refletindo sobre a leitura. Eu já trabalhei como coordenador de biblioteca num centro binacional e parte do meu trabalho era catalogar o acervo e incentivar a leitura. No entanto, com a vinda arrebatadora do movimento Maker, nós tivemos que fazer algumas adaptações no espaço. A ideia era justamente criar mais espaço para atividades do tipo mão na massa. Foi aí que tive a ideia de fazer um sebo com alguns dos clássicos que há anos não saíam da biblioteca. Eu sempre achei uma pena as pessoas não se interessarem pela leitura, mas eu sabia que muitos desses clássicos eram acessíveis por outros meios em pleno 2015.


Uma memória muito especial que tenho da minha infância é a de ter a coleção dos contos de fada dos irmãos Grimm. Meu pai me deu de presente. Ele sempre foi um ávido leitor e a nossa casa era cheia de livros. Também lembro-me muito bem da primeira vez que li uma versão adaptada de Os Lusíadas de Camões na escola. Fiquei encantando e quis saber mais sobre mitologia e histórias fantásticas. Nos anos seguintes, na escola ou na universidade, tive que ler A Revolução dos Bichos de Orwell, A Metamorfose de Kafka e tantos outros da literatura brasileira, particularmente Machado de Assis.


Me peguei pensando sobre leitura porque eu trouxe comigo nesta viagem de fim de ano 4 livros. Já devorei o primeiro de mais de 260 páginas em um dia, nas diversas viagens de avião. Era o Respostas de um Astrofísico de Neil DeGrasse Tyson. O segundo, O Mistério da Consciência de António Damásio, neurocientista português, mais profundo e complexo, estou levando com calma. O de Tyson representa um hobby meu, uma paixão não diretamente ligada ao meu trabalho. O segundo tem tudo a ver com o que decidi tornar o objeto de dedicação da minha vida, o cérebro e sua relação com a aprendizagem, o corpo e a mente.


Mas o mais interessante é que entrei numa loja na cidade natal da minha esposa para procurar um marcador de páginas - nem todos livros vêm com orelhas - e acabei saindo da loja com mais um livro. Um clássico e que clássico! A capa dura azul escura ornamentada em relevo na cor dourada não me deixou resistir. Estou falando de A Volta ao Mundo em 80 Dias de Júlio Verne. Eu nunca li a versão original publicada em 1873. Já li trechos adaptados e até assisti filmes e séries baseadas na obra. Decidi interromper a leitura de Damásio para começar Verne. E que mestre da escrita foi Verne! Não me entenda mal, Damásio, você escreve extremamente bem, mas Verne passa as primeiras páginas descrevendo, de maneira magistral, o seu personagem principal, o inglês robótico Phileas Fogg.




Acho que quis compartilhar essa sensação com vocês porque eu penso que a maioria de nós deveria ter algum livro clássico para ler de algum gênero qualquer que não esteja conectado com a nossa área de atuação. Ou seja, nós deveríamos ler apenas pelo prazer da leitura e não somente para aumentar nosso repertório profissional. Os paralelos que podemos traçar e as analogias provenientes da leitura desses clássicos valerão a pena - pelo menos é assim que pondero a empreitada.


Na minha biblioteca pessoal, tenho dois livros que adquiri do sebo que eu mesmo criei anos atrás. Confesso que não pude resistir - apesar do alerta do ditado - à capa de Uma Breve História do Tempo de Stephen Hawking e dos Contos de Edgar Allan Poe de Poe. Já li obras complicadas como Assim Falava Zaratustra de Nietzsche e obras prazerosas e bem menos complicadas como as aventuras de Sherlock Holmes de Arthun Conan Doyle, Drácula de Bram Stoker ou Frankenstein de Mary Shelley - uma pioneira que merece muito respeito na história da literatura.


Espero não resistir à próxima capa de algum clássico que eu encontre por aí em alguma livraria ou biblioteca em qualquer canto desse mundo. E espero que eu escolha dedicar mais horas lendo por prazer do que por necessidade.

Acho que você deveria ler pelo menos um clássico em 2023. Defendo a ideia de mantermos o legado da humanidade vivo no nosso sistema de educação e para isso acontecer, precisamos incentivar a leitura de literatura mais clássica assim como a de literatura contemporânea. Muitas das lições de vidas que podemos extrair desses livros como A Volta ao Mundo em 80 Dias são valiosíssimas em níveis que talvez nem reconheçamos.

Os livros representam o zeitgeist de uma época da qual sabemos pouco e ficar imerso nesse universo maravilhoso é um exercício intelectual e tanto. Deixo vocês aqui com uma frase de outro autor que recomendo muito, Carl Sagan, que disse o seguinte em um dos episódios de Cosmos:

Que coisa surpreendente é um livro. É um objeto plano feito de uma árvore com partes flexíveis nas quais estão impressos muitos rabiscos escuros engraçados. Mas uma olhada e você está dentro da mente de outra pessoa. Talvez alguém morto há milhares de anos. Através dos milênios, um autor falando clara e silenciosamente dentro de sua cabeça, diretamente para você.

Qual é a sua lista de clássicos? Compartilhe aqui nos comentários. Preciso de sugestões.

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