Eu iniciei meu Desafio da Ciência da Aprendizagem na semana passada. Meu timing não poderia ter sido pior - graças ao feriado longo, mas continuo firme e forte. Se você não sabe do que estou falando, assista o vídeo relatório da semana 1.
Decidi conectar meu blog com o Instagram e o meu novo canal do YouTube para tentar explorar ao máximo como a Ciência da Aprendizagem pode explicar as dificuldades e a partes mais fáceis do meu desafio. Nessa primeira semana, algo que não saiu da minha cabeça foi a palavra motivação. Pretendo explorar mais isso no vídeo da semana 2, mas para entendermos como funciona esse negócio, precisamos entender melhor um dos aspectos mais intrigantes da motivação e do processo de aprendizagem: o papel do sistema de recompensa do cérebro . Neste artigo, vamos explorar como esse sistema funciona e como podemos aproveitá-lo para criar experiências de aprendizagem mais eficazes e envolventes.
O sistema de recompensa e a dopamina:
O sistema de recompensa do cérebro é uma rede complexa de circuitos neurais que desempenha um papel fundamental na motivação, desejo e aprendizagem.
De acordo com a Dana Foundation, referência em neurociência:
Este sistema controla grande parte do nosso comportamento motivado, mas a maioria das pessoas tem pouca familiaridade com ele. O sistema de recompensa do nosso cérebro nos motiva a nos comportarmos de maneiras que tendem a nos ajudar a sobreviver como indivíduos e como espécie, como comer e reproduzir. Esse sistema organiza os comportamentos que são essenciais para a vida, fornece algumas ferramentas necessárias para tomar as ações desejadas e nos recompensa com prazer quando o fazemos. Pesquisas mostram que praticamente qualquer atividade normal que encontramos prazerosa - desde ouvir uma ótima música até ver um rosto bonito - pode ativar o sistema de recompensa. Quando isso acontece, não apenas somos estimulados, mas esses circuitos permitem que nossos cérebros codifiquem e lembrem as circunstâncias que levaram ao prazer, para que possamos repetir o comportamento e voltar à recompensa no futuro.
Um neurotransmissor crucial nesse processo é a dopamina. Quando somos expostos a estímulos que ativam o sistema de recompensa, como uma conquista, uma experiência positiva ou um desafio superado, ocorre a liberação de dopamina. De maneira muito simplificada, podemos dizer que essa substância química está relacionada com nossos desejos ou, em outras palavras, com o que queremos. Antigamente, dizia-se que a dopamina era o neurotransmissor do prazer, mas, na verdade, ela é o neurotransmissor do querer.
A área tegmentar ventral (VTA - ventral tegmental area) é uma região do cérebro que produz a dopamina. Essa área envia sinais de dopamina para outras regiões do cérebro, incluindo o núcleo accumbens. O núcleo accumbens é uma região do cérebro que é ativada pela dopamina e é responsável pela sensação de recompensa que vem tanto de querer algo como de gostar de algo. Quando queremos e/ou gostamos de algo, porque isso nos faz sentir bem, (exemplo: comer algo delicioso ou receber elogios), o núcleo accumbens é ativado e libera mais dopamina.
O córtex pré-frontal é uma região do cérebro que está envolvida no planejamento e tomada de decisões. Ele recebe informações da área tegmentar ventral e do núcleo accumbens e ajuda a decidir se uma ação é recompensadora o suficiente para ser repetida no futuro. Por exemplo, se você come um bolo delicioso e isso ativa seu núcleo accumbens, seu córtex pré-frontal pode decidir que comer bolo é uma ação recompensadora e que vale a pena fazê-lo novamente no futuro. O mesmo vale para assistir sua série favorita, jogar videogame, fazer sexo, beber com amigos numa festa e muito mais.
A relação entre recompensa e aprendizagem:
A dopamina desempenha um papel crucial na formação de memórias e na aprendizagem. Quando o sistema de recompensa é ativado, a liberação de dopamina fortalece as sinapses envolvidas na experiência vivenciada, tornando-as mais eficientes e facilitando a retenção de informações. Em outras palavras, o cérebro associa a sensação de recompensa à aprendizagem, incentivando-nos a buscar mais conhecimento e a repetir as ações que resultam em recompensa.
Um fato muito importante que precisamos saber é que o sistema de recompensa do cérebro é especialmente sensível a estímulos imediatos e gratificação instantânea. Isso significa que temos a tendência de escolher recompensas imediatas do que por recompensas futuras, mesmo que as recompensas futuras sejam mais benéficas a longo prazo (entendeu porque é difícil mudar?)
Essa combinação que leva a uma sensação prazerosa ao conseguir o que se quer torna difícil resistir a tentações. Podemos dizer que o nosso cérebro está programado para buscar o prazer e evitar o desconforto, e muitas vezes isso nos leva a ceder às tentações, mesmo que tenhamos objetivos ou intenções contrárias.
Inércia: o papel do hábito
Mas e aí, André? Conta pra gente como foi a sua primeira semana. Bem, como eu disse, comecei no feriado e acabei tendo dificuldade para fazer algumas coisas que eu queria fazer e evitar os grandes vilões de uma vida saudável. Vale lembrar aqui que eu estou habituado ao sedentarismo por anos e o esforço para sair dessa rotina tem que ser proporcionalmente alto.
Quando se trata de hábitos, nosso cérebro é mais suscetível a rotinas e padrões estabelecidos. Após repetirmos um comportamento várias vezes, o cérebro cria circuitos neurais que facilitam a execução automática desse comportamento. Essa automatização torna os hábitos difíceis de serem quebrados, mesmo quando desejamos adotar comportamentos mais saudáveis.
Quando tentamos introduzir mudanças em nossa rotina, caímos imediatamente no piloto automático e o "programa" começa a rodar como antes. Por isso o esforço deve ser consciente e persistente. No meu caso, eu criei dois eixos centrais e três itens para cada:
EIXO 1 - SAÚDE FÍSICA
Item 1 - Exercício físico diário
Item 2 - Alimentação saudável
Item 3 - Redução de tempo de tela
EIXO 2 - APRENDER GREGO
Item 1 - Alfabeto e leitura
Item 2 - Compreensão oral e pronúncia
Item 3 - Fluência oral
Estou usando um planner e o calendário do Google para marcar o que consegui realizar. Ainda estou insatisfeito com meu desempenho e preciso reajustar algumas coisas. Em dois dias, você vai poder assistir meu vídeo relatório da semana. Por enquanto, posso dizer que sair do piloto automático e priorizar o futuro e não a recompensa imediata têm sido belos desafios.
E você? Tem alguma coisa para compartilhar sobre os seus desafios? E seus estudantes? Como esse texto pode ajudar a entender melhor o que fazer na sua vida ou na sala de aula? Adoraria saber! Ah, e não esquece de seguir @andre_hedlund no Instagram para ficar por dentro das novidades!
Acabei de fazer uma otima leitura deste artigo! Congranulations
Bem escrito, mas gostaria de ter lido com um exemplo com experiências/pesquisas e porcentagens/gráficos, pois não encontrei isso ainda na internet.